Afinal, os imigrantes bessarabianos do Brasil são russos, romenos ou búlgaros?
Entenda o que foi a província chamada "Bessarábia"
Nesse número da revista Raízes - da Fundação Pro Memória de São Caetano, foi publicado um artigo sobre a saga dos imigrantes Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos. Para acessá-lo, clique no link abaixo ou compareça pessoalmente à sede da Fundação para retirar o seu exemplar.
Av. Augusto de Toledo, 255 - Santa Paula - CEP - 09541-520 - São Caetano do Sul - SP
http://www.fpm.org.br/Publicacoes/PDF/125
Abaixo transcrevemos o artigo publicado.
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AFINAL, OS
IMIGRANTES BESSARABIANOS DO BRASIL, SÃO RUSSOS, RUMENOS OU BÚLGAROS?
ENTENDA O
QUE FOI A PROVÍNCIA CHAMADA BESSARÁBIA.
Dr. Jorge Cocicov
Sonia Dimov
Roseli Stainoff
Compreender
a região de origem dos imigrantes Búlgaros e Gagauzos Bessarabianos, implica
conhecer um pouco da história dessa região denominada Bessarábia, sujeita a
guerras, ocupações e invasões. Destaque-se que a Bessarábia não existe mais,
pois, hoje, o território faz parte dos países Ucrânia e Moldávia.
No mapa da
Rússia, antigamente constava uma região que se chamava Bessarábia e depois, devido
a inúmeras disputas políticas, devidamente explicadas no decorrer do texto, foi
dividida em duas partes, uma tornou-se o atual sul da Ucrânia e a outra a
Moldávia.
Hoje, se
formos procurar o termo Bessarábia, praticamente vamos encontrar somente a sua
história. Sabendo-se, conforme nos ensina Neide Praça (2016, p. 41), que,
outrora, ela correspondia à metade oriental do Principado da Moldávia
(1359-1859).
Com o
colapso da União Soviética, em 1991, a República Socialista Soviética da
Moldávia tornou-se território independente, sob o nome de república da
Moldávia, limitando-se a oeste com a Romênia e, ao norte, leste e ao sul
fazendo fronteira com a Ucrânia.
A República
da Moldávia mantém duas regiões independentes – a Transnístria e a Gagaúzia.
A BULGÁRIA E A PRIMEIRA MIGRAÇÃO
A Bulgária
manteve-se sob a autoridade romana de Constantinopla, Império Bizantino, entre
1018 e 1185, quando se torna independente.
Em 1393 é
dominada pelo Império Otomano, que, por 500 anos, tenta aniquilar sua cultura,
religião e costumes, tornando a vida da população intolerável pelo medo
constante, pela falta de liberdade civil e religiosa, com impostos
insuportáveis. Um deles, o mais cruel, chamado “Imposto de Sangue”,
consistia em meninos adolescentes que eram tirados de suas famílias e levados
para a Turquia para serem forçados a se converterem ao islamismo e treinados
como soldados muçulmanos ainda mais cruéis que os próprios turcos. Em
consequência dessas atrocidades, iniciou-se uma diáspora, com fuga da opressão
para garantir a preservação de sua identidade.
A AÇÃO
RUSSA
Entre 1765
e 1796, a Imperatriz russa Catarina, A Grande, iniciou ofensivas contra o
Império Otomano, culminando no ataque final do Imperador Alexandre, O Grande,
em 3 de março de 1878. A Bulgária teve então o apoio necessário para conquistar
sua liberdade que, efetivamente, só ocorreu em 1908.
Há relatos
de que 400.000 indivíduos saíram da Bulgária em êxodo entre os anos de 1806 e
1812, buscando refúgio tanto em territórios russos como no Principado de
Walákia, (na antiga Moldávia) e depois na Bessarábia (província russa), em
consequência da guerra russo-turca. Os gagaúzos, que viviam na Búlgária,
utilizavam o alfabeto cirílico, mas mantinham cultura, costumes, tradições e
idioma próprios e foram perseguidos por professarem a fé cristã. No momento da
fuga, acompanharam os búlgaros e buscaram refúgio na Bessarábia e em outras
regiões de domínio russo. A partir de relatos dos refugiados, acredita-se que
havia um interesse do Império Russo de povoar a região da Bessarábia, visando
impedir o acesso dos turcos ao Mar Negro. A Rússia colaborou para a criação de
novas aldeias búlgaras em seu território ao oferecer suporte financeiro e doar
terras para o plantio familiar. Cada família recebia 65 hectares. Assim, a
Bessarábia foi povoada por refugiados das mais variadas etnias e
nacionalidades, dentre moldavos, judeus, ucranianos, russos, búlgaros,
gagaúzos, alemães, ciganos, romenos, cossacos, poloneses, armênios, gregos e
outras nacionalidades. Como refugiados na Bessarábia, os búlgaros e gagaúzos
fundaram aproximadamente 64 aldeias, as mais conhecidas são Conrat, Bolgrad e
Tabac.
A SEGUNDA
MIGRAÇÃO BÚLGARA.
A segunda migração maciça de búlgaros para a
Bessarábia e Criméia ocorreu entre os anos de 1828 e 1830. Segundo Stefan
Doinov, um dos líderes daquele êxodo, aproximadamente 140 mil pessoas deixaram
a Bulgária rumo ao sul da Bessarábia, dando origem aos povoados e aldeias
conhecidas como Iserlia, Glavan, Gulmen, Cuparani, Vaisal, Tvarditza,
Hasan-Batâr e muitas outras. Estabelecidos na Bessarábia, puderam conviver e
experimentar outras línguas e culinária de outros povos, um intercâmbio
cultural. Ainda que vivessem sob forte influência de outras culturas, idiomas,
usos e costumes, os búlgaros se esforçavam para perpetuar a memória de sua
terra de origem e nunca se esqueceram de suas características e de seus
costumes. Até 1856, a Bessarábia ficou sob o domínio do Império Russo, quando o
Czar Alexandre II, sucessor de Nicolau I, cedeu seu território ao Principado da
Moldávia, tirando da Rússia o controle sobre a foz do Rio Danúbio e o Tratado
de Paz assinado em Paris desmilitarizou o Mar Negro e o declarou região neutra,
autorizando a navegação apenas de navios mercantes. Em 1861, proclama-se a
união entre os Principados da Waláquia e da Moldávia (a qual pertencia à
Bessarábia), oficializando os “Principados Unidos da Romênia” e/ou” Reino da
Romênia”, porém, em 1878, a Rússia reanexou a Bessarábia, que passou a fazer
parte do Império Russo até 1917.
Em 1918, a
Romênia invadiu a Bessarábia, subjugando-a e promovendo a “romenização” de seus
habitantes, em consequência do desgaste russo com a Primeira Guerra Mundial e
as demandas internas da sua própria revolução.
Os romenos impuseram
o seu idioma e por isso eram obrigados a falar tal idioma, além da pobreza
aumentar cada vez mais. Embora a terra ainda fosse deles, o que plantavam e
colhiam fugia-lhes, para as mãos dos romenos. A vida tornava-se cada vez mais
precária e o governo da Romênia cada vez mais cruel em relação aos
estrangeiros. Os búlgaros estavam cansados de ser convocados pelos exércitos
governantes, para guerrear em favor de causas que não lhes diziam respeito.
Muitos jovens haviam morrido ao serem convocados, também ao tempo do domínio da
Rússia, na Primeira Grande Guerra Mundial.
IMIGRAÇÃO
PARA O BRASIL
Sabendo da
situação difícil da população da Europa Oriental, principalmente da região
compreendida pelos Balcãs nas décadas de 1920 e 1930, o Brasil reativou as
ações de incentivo à imigração de europeus para trabalhar nas lavouras de café
e derrubada de florestas no interior do Estado de São Paulo. Na divulgação
desse incentivo, era valorizado o clima agradável do Brasil, a oferta de
moradias gratuitas e terras férteis e, ainda, passagens gratuitas.
Os búlgaros
e gagaúzos resistiam à “romenização” e à perda de suas identidades como povo.
Em virtude disso, o governo romeno facilitou a saída deles para o Brasil,
promovendo, praticamente assim, uma limpeza étnica.
Poderiam,
somente, emigrar famílias inteiras, dentre as quais deveria haver um filho
homem, solteiro com idade entre 10 e 14 anos. Outra regra de que se tem
registro é a necessidade de que os emigrantes deveriam falar pelo menos duas
línguas, para impedir que o romeno emigrasse. A maioria dos habitantes da
Bessarábia era originária de outros povos ou países, consequentemente, falava
no mínimo três línguas: a sua, o russo e por último o romeno.
Nos anos de
1925 e 1926, foi registrado um grande número de emigrantes de origem búlgara e
gagaúza para o Brasil vindos da Bessarábia, 10.000 aproximadamente. Saíam da Bessarábia
com destino a Bucareste para regularizar os documentos. Em seguida,
encaminhavam-se para os portos correspondentes às suas passagens: Viena,
Bremen, Gênova ou Hamburgo.
As viagens
duravam aproximadamente 22 dias e não eram nada confortáveis, e o que os marcou
pelo resto de suas vidas foi o fato de que seus passaportes foram emitidos pelo
Reino da Romênia e por esse motivo, eram, erradamente, considerados “Romenos”,
nacionalidade que eles nunca tiveram.
A CHEGADA AO BRASIL
Há relatos
de imigrantes sobre os inúmeros problemas de comunicação que encontraram ao
chegarem ao Brasil. A maioria deles era analfabeta ou era alfabetizada no
alfabeto cirílico e, no momento de registro de seus documentos na recepção da
imigração, não eram entendidos. Isso gerou a emissão de muitos documentos com
nomes errados.
Todos
sentiram-se decepcionados e enganados pelo governo brasileiro, pois aos que
manifestavam intenção de migrar era dito que receberiam terras para cultivar e
que iriam para a América. Eles acreditavam que era para os EUA que estavam indo
e ao chegar aqui, surpreendiam-se pelo fato de que aqui não era os EUA e
trabalhariam como empregados, com um salário muito baixo e ainda teriam que
pagar as suas despesas ao patrão. Foi um golpe muito grande para eles que, além
disso, não tinham dinheiro para voltar à Europa, pois a viagem havia sido paga
pelo governo. Se quisessem voltar, deveriam voltar com os próprios recursos. Sendo
assim, pouco a pouco, foram saindo das fazendas e tentando uma forma mais digna
de viver, dirigindo-se às cidades e procurando se empregar em trabalhos que já
tinham habilidade, tais como, operários na indústria, comércio, carpintaria,
serralheria, ferraria, construção, alfaiataria e as mulheres nas indústrias de tecido
como tecelãs, costureiras, ou confeccionando botões e aviamentos em geral.
HISTÓRICO
DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL DO POVO BÚLGARO NO BRASIL
Passados trinta
anos da chegada dos búlgaros bessarabianos no Brasil, após várias tentativas de
agregação e organização, no ano de 1956, se concretizou um sonho dos imigrantes criando a
SOCIEDADE CULTURAL BÚLGARA BESSARABIANA.
Seu objetivo era o
de união entre suas famílias, preservar as tradições e os costumes, promover
festas típicas, convescotes, fazer palestras sobre a história e a cultura
búlgara e comemorações de datas históricas, tudo com a finalidade de difundir a
cultura da origem familiar e nela iniciar seus descendentes brasileiros,
voltados, dessa forma, para a parte cultural e recreativa, cuja gestão deveria
ser entregue aos filhos brasileiros para atender à exigência legal.
Os pais dessa ideia foram os
patrícios PEDRO CURALOV, PEDRO GAIDARGI, GEREMIAS DELIZOICOV, JOÃO DELIJAICOV,
FELIPE IALAMOV e ZACHARIA CUSTADIN que programaram, um pic-nic, na Represa de Guarapiranga, com a finalidade de reunir as
famílias, para o lançamento da ideia da fundação da entidade corporativa.
A convocação foi um sucesso pois
compareceram perto de trezentas pessoas.
de vários
bairros da Capital e de alguns municípios limítrofes, tais como São Caetano,
Santo André e São Bernardo do Campo.
Exposta
a ideia da fundação da Sociedade e de seus objetivos, circulou um Livro de
Ouro, a fim de angariar fundos, a receptividade à ideia foi unânime.
O Estatuto foi elaborado e dentro
dos ditames legais, a diretoria foi eleita, por aclamação de todos os presentes
na reunião convocada, ainda no mesmo ano de 1 956, tendo o seu primeiro
presidente na pessoa do brasileiro e advogado Dr. Jorge Argachoff.
A
circunstância de congregar estrangeiros, em particular de um país do leste
europeu, cuja política, naquela época, tinha seu esteio no regime comunista,
foi o grande obstáculo para sua legalização.
O
Dr. Jorge Argachoff, constantemente, era intimado para comparecer à Delegacia
de Ordem Política e Social (DOPS), era recebido pelo seu Diretor, Dr. Ítalo
Ferrigno e submetido a um verdadeiro interrogatório policialesco, para explicar
o porquê da fundação da sociedade e verdadeiramente, qual seria o objetivo que
se ocultava no sugestivo nome a entremostrar uma finalidade recreativa e
cultural, pois o registro civil do Estatuto dependia de uma autorização
policial.
Criou-se,
dessa forma, um impasse, momento em que os imigrantes deliberaram pela
desistência de dar seguimento à fundação oficial e regulamentar da sociedade e
devolvidos foram todos os donativos arrecadados.
Os imigrantes búlgaros bessarabianos, porém, eram
unidos, tanto que, apesar de não estarem agrupados em uma associação oficial,
organizaram, em 1957, uma recepção à Delegação de Futebol, da Bulgária, que
viera ao Brasil, durante os preparativos para a Copa do Mundo, prevista para
1958.
No decênio de
1980/1990, os imigrantes conservaram suas amizades e renovavam o convívio em
reuniões e festas organizadas pelo casal Constantino Terzi e Vera Cherov Terzi
e que aconteciam no salão paroquial da Igreja São José de Vila Zelina,
inclusive com festiva comemoração do cinquentenário da imigração no Brasil,
organizada, em 1976, por uma comissão composta por Pedro Terzi , Estefania
Terzi, Pedro Curalov, Pedro Stoianov e outros.
Passados
setenta anos da imigração ocorrida, em 1926, Júlio Dimov, outro imigrante
idealista, juntamente com sua filha, a professora Sônia Dimov, cuja família era
moradora há decênios, em São Caetano do Sul-SP, conseguiram realizar a
comemoração da passagem desse aniversário.
Eles
contaram com o estímulo da Diretora Técnica Midori Kimura Figuti, do Museu da
Imigração de São Paulo e realizaram, de 16 a 31 de maio de 1996, a Exposição
Histórico-Fotográfica da Imigração Búlgara no Brasil, mais propriamente,
Búlgara Bessarabiana, naquele mesmo prédio, onde haviam sido recepcionados e
alojados ao desembarcarem, de trem, pela primeira vez, vindos dos portos
Santos-SP e do Rio de Janeiro-RJ.
Foi
amealhado um acervo de oitenta fotos, documentos, objetos artesanais,
religiosos e de uso pessoal e a exposição foi enriquecida com dois painéis do
artista plástico Antônio Peticov, descendente e dos depoimentos de vários
imigrantes editados em vídeo.
Painéis
foram montados relatando a história e a origem dessa imigração no Brasil que
fora antecedida por outra, quando as famílias moravam na Bulgária, a fim de que
emigrassem para a Bessarábia, no fim do século XVIII e início do seguinte, a
convite do Czar da Rússia. A esse convite aderiram, não só os búlgaros, mas
também diversas populações, como de judeus, russos, alemães e gagaúzos. Rememorou-se
que que os búlgaros se fixaram na região da Bessarábia, por diversas afinidades
com os russos, entre elas a linguística (usam o mesmo alfabeto, o cirílico) e a
religiosa (praticam o cristianismo ortodoxo) e por isso não perderam suas
tradições.
Diversos
preparativos foram coidealizados e concretizados para essa efeméride e uma
delas, que desponta como documentário precioso, foi a colheita de depoimentos
orais, prestados pelos imigrantes.
O
Setor de História Oral, do mesmo museu, captou uma série desses depoimentos,
sob orientação da pesquisadora Sônia Maria de Freitas, em entrevistas com os
imigrantes búlgaros bessarabianos: Maria
Verchev Rascov, Ana Dimov, Vera Cherov Terzi, Constantino Terzi, Júlio Dimov,
Demétrio Coev, Constantino Curalov e André Peticov.
Entusiasmados
com o sucesso dessa rica exposição, foi criada, nesse mesmo ano de 1996, uma entidade
corporativa, ainda, sob a inspiração de Júlio Dimov, oportunidade em que Jorge
Cocicov se propôs a elaborar um projeto de Estatuto para ela.
O
projeto estatutário foi apresentado, em São Caetano do Sul-SP, na residência de
Júlio Dimov, sita na rua Av. Sen. Roberto Simonsen, 537, centro, a um grupo de
imigrantes e seus descendentes e com esse instrumento, em mãos e reunidos em
assembleia, do dia 16-11-1996, na presença de Dr. JORGE COCICOV, brasileiro,
Juiz de Direito aposentado e Advogado, CATARINA PASLAR, brasileira, Professora,
VERA LÚCIA LORENZ, brasileira, Secretária, CATHARINA STOIANOV FILHA,
brasileira, Secretária aposentada, MARUCIA VICTOR SANTOS, brasileira, Artista
plástica, ANNA STOIANOV, brasileira, Professora, SONIA DIMOV, brasileira, Professora,
NELSON GRECOV, brasileiro, Jornalista e Empresário, OLGA DIMOV ZANELATTO,
brasileira, Autônoma, CATHARINA DUDUCHI, brasileira, Relações Públicas, JULIO
DIMOV, romeno e naturalizado brasileiro, MARIA DIMOV, brasileira, Costureira e
CARLINA M. NICOLAU, brasileira, Enfermeira.
As atividades da Associação têm sido intensas no
sentido de, cada vez mais, confraternizar com os seus quase quinhentos
associados cadastrados, destacando-se: Comemoração do Octogésimo Aniversário da
Imigração, na data de 28 de outubro de 2006, condecorando com uma medalha
comemorativa os imigrantes vivos; a Exposição de Arte Eslava, pela artista
plástica Ana Maria Barbosa, descendente da família Sibov, com destaque para a
arte búlgara, em 2007; a Cartilha da Língua Búlgara, em português, elaborada
pelo Dr. Jorge Argachoff, como primeiro passo para a implantação do seu regular
ensino, sob os auspícios da Associação, registrando-se que com o falecimento
desse combativo presidente, a cartilha ficou nas suas primeiras lições e o
ensino foi adiado.
A Associação, na parte cultural, também, contou com a
colaboração do Dr. Jorge Cocicov, na área histórico-literária, ao editar três
livros que registram uma profunda investigação histórica da imigração búlgara
do Brasil, ao lado dos gagaúzos, vindos na mesma época.
Os
seus títulos são:
Imigração
no Brasil- Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos, publicado em 2005,
Imigração
– Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos- “Romenos” – Brasil-Uruguai, publicado em
2007.
Imigrantes
Bessarabianos – Búlgaros e Gagaúzos (“Romenos”) Bessarábia (Moldávia) – Brasil
Uruguai- 1926 / 2015, publicado no ano de 2015.
O
primeiro desse estudo foi reeditado, no idioma búlgaro, pelo próprio governo da
Bulgária, em 2014, sendo certo que se encontra em fase de versão para esse
mesmo idioma búlgaro, o segundo livro, acima citado, para fins de publicação,
em breve.
Tais
publicações, além de reforçarem o elo com a Associação, tiveram o condão de,
nos seus memoráveis lançamentos, reunir centenas de imigrantes e familiares,
despertando-lhes a vontade e a curiosidade de voltarem-se para a sua própria
história e perceberem que, no futuro, elas representarão um repositório de
respostas às indagações que os seus descendentes, certamente, farão sobre suas
origens. As pesquisas do Dr. Jorge Cocicov foram consagradas pela Agência
Estatal para os Búlgaros no Exterior, através da seguinte manifestação de sua presidente
Denitza Hristova: “A sua obra é exemplo de interesse pela memória familiar e a
identidade nacional, uma vez que a ligação com os ancestrais é parte
inseparável da sensação de pertencer a um grupo bem definido. É uma procura de
um jeito para que cada um entendesse a sua existência, um desejo profundo de se
resgatarem, através das tradições, lembranças e cartas, fatos importantes e
argumentos para a evolução da vida, dos sonhos e das perspectivas.”
Especial destaque se dá com a
instituição do DIA DO IMIGRANTE BÚLGARO E GAGAÚZO, no Calendário Oficial do
Município de Ubatuba-SP, consagrando o dia 18 de abril de cada ano para a
reverência aos 151 imigrantes búlgaros e gagaúzos, na sua maioria crianças,
falecidos na ilha Anchieta, em 1926, onde se encontravam segregados por terem
se revoltado contra o tratamento dado aos imigrantes nas fazendas de café do
interior de São Paulo, negando-se a seguirem para ela.
No ano de 2017 durante o mês de
junho, a Associação teve a honra de receber o Professor Nicolai Cervencov, sua
esposa Maria Cervencova, a tradutora e intérprete Maya Daskalova e Vasil
Dimitrov. Professor Titular da Universidade da Moldávia, Nicolau Cervencov,
também descendente de búlgaros bessarabianos, veio com sua comitiva, pesquisar
sobre o destino das inúmeras famílias que deixaram a Bessarábia em 1926, devido
a dominação Romena. Nessa ocasião, visitaram a Fundação Pró Memória e sob
orientação de Monica Iafrate, realizaram suas pesquisas.
Outro evento, promovido pela
Associação, de grande repercussão social e cultural, foi a exposição de fotos,
“O MUNDO EM MOVIMENTO – IMIGRAÇÃO BÚLGARA NO BRASIL”, em 2019, na Universidade
Metodista, em São Bernardo do Campo-SP, cujo enorme sucesso fez com que fosse
replicada, no mesmo ano, na cidade de Ubatuba-SP, em sua Biblioteca Pública
Municipal e na Escola Municipal Tancredo Neves, aberta ao público, cuja
afluência foi numerosa.
Anualmente, no dia 27 de Outubro, a
Associação participa, ativamente, com uma barraca de gastronomia búlgara, data
em que se comemora o aniversário de fundação do Bairro de Vila Zelina, promovido pela Associação dos Moradores e
Comerciantes do Bairro de Vila Zelina – AMOVIZA., data em que, também, é
consagrado ao Dia do Imigrante Leste Europeu, em homenagem àquela região, que
reúne imigrantes do Leste Europeia,
moradores do bairro de Vila Prudente composto pelas Vila Bela, Vila Alpina,
Quinta da Paineira, Jardim Avelino, Vila Lúcia, Vila Zelina e Parque Vila
Prudente.
Nessa data e mensalmente, a
Associação participa com barracas expondo arte plástica com obras da consagrada
artista plástica ANA MARIA BARBOZA (AnaMarb) e objetos artesanais de
marchetaria de JOÃO COLTACCI FILHO, ambos integrantes da Associação e
descendentes de búlgaros bessarabianos.
A Diretoria da Associação promove
reuniões de expediente e dos seus associados em datas festivas, bem como,
mensalmente, virtuais, numa atividade constante para cumprir os seus objetivos
estatutários.
Na data de 25 de maio de 2021 a
Associação fez doação do terceiro livro, de autoria de Jorge Cocicov,
intitulado IMIGRANTES BESSARABIANOS-BÚLGAROS E GAGAÚZOS- “ROMENOS” - BESSARÁBIA
(MOLDÁVIA) - BRASIL URUGUAI - 1926
/ 2015, com 748 páginas (texto e imagens), única edição 2015, destinado ao
acervo do Museu da Imigração, a fim de completar a trilogia sobre a imigração
búlgara e gagaúza do Brasil.
A Fundação Pró-Memória, com
sede em São Caetano do Sul, recebeu, em doação, todo o acervo das pesquisas,
feitas por Jorge Cocicov, que serviram de fundamento para elaboração da citada
trilogia. A Associação e a Fundação assinaram em 13 de julho de 2021, uma
parceria que estabelece um convênio que rege a utilização do referido material,
bem a realização de eventos e publicações destinadas à divulgação da Imigração
Búlgara e Gagaúza do Brasil.
As primeiras famílias que se instalaram em São Caetano do
Sul na década de 1930 foram: Alavask, Butxcovar, Dimov (Revista Raízes nº 08 pág.
11 e 12) e Serchelis (Revista Raízes nº 14 pág. 44 e 45).
Hoje contamos com a atuação de um de nossos
representantes, o Professor Maurílio Duduch Silva, neto de búlgaros
bessarabianos, na Fundação das Artes de São Caetano do Sul, como professor de
Estruturação e de Apreciação Musical e professor de flauta Transversal.
Maurílio participa como flautista em dois grupos, o “Quinteto Sopro Novo” e o
“Les Folies”. O primeiro faz um trabalho de música erudita e popular, com
flautas e piano. Já o segundo faz um repertório de música instrumental medieval
(séc. XI ao XV) para flautas, alaúde, gaita de fole e percussão.
Relacionamos as famílias,
em número de núcleos familiares, que moraram e ainda moram em São Caetano do
Sul e que atuaram na indústria, comércio e serviços: Alavask (3),
Argachoff (3), Arnaut (2), Arabage (2), Atanasov (3), Bolgar (3), Butxcovar (3), Cheban (2), Chevrov (2), Conovalov (2) Constantinov (3),
Delic ( 2), Dimov (3), Grecc (6), Grecov (2), Ialamov (2), Ianov (3), Ivanov
(2), Ivanoff (2), Ivanof (2), Kolomietz (2), Lungov (2), Milosev (2), Paslar (2),
Petcov (2), Pipiliascov (2), Popov (2),
Puliov (2), Peev (3), Staicov (3), Stainoff (3), Stoianov (3),Telpis (2), Uzun (3).
Nos livros do Dr. Jorge
Cocicov, citados anteriormente, é possível conhecer as narrativas históricas
das famílias: Uzun, Coralov, Ivanov, Atanasov, Bolgar,
Carabadjac, Argachoff, Arabage,
Arnaut, Conovalov, Petcov, Delic,
Lungov, Grecov, Milosev, Dimov, e
Stainoff.
Atualmente, a Associação
conta, em sua sede com livros, filmes em DVD e revistas no idioma búlgaro,
objetos doados por imigrantes, bem como peças de roupas. Mantém perfil nas
redes sociais Facebook como “Associação Cultural do Povo Búlgaro no Brasil –
“BULGARI”, no Instagram como @povobulgaronobrasil, temos um site http://www.bulgaribrasil.org.br/ e um grupo de whatsapp onde
conversamos mais proximamente com os membros. O endereço de e-mail povobulgarobrasil@gmail.com .
FONTES CONSULTADAS:
COCICOV, Jorge. Imigração no Brasil - Búlgaros e Gagaúzos Bessarabianos.
Ribeirão Preto (SP): Editora Legis Summa Ltda., 2005. PRAÇA, Neide de Souza.
Imigrantes da Bessarábia: Jornada em terras tropicais. São Paulo: All Print
Editora, 2006. POPPOV, Nikolas. Resumo histórico da imigração dos búlgaros
através dos séculos. Texto Datilografado, s/d. BARRACLOUGH, Geoffrey. Atlas da
História do mundo. 4ª. ed. Editado por Geoffrey Parker. Folha de S. Paulo,
1995. https://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_Bulgária/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Bessarábia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Catarina_II_da_Rússia
https://www.infoescola.com/idade-media/imperio-bizantino/
https://www.infoescola.com/historia/imperio-otomano/
htpps://commons.wikimedia.org/wiki/File: Bessarabia_ethnograficalmap
1919.jpg?uselang=pt Acessos em 27 de julho de 2018. LEMOS, Vilma. Narrar para
Não Esquecer (SP)
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